O professor Chrystian Paiva morreu no domingo, 18 de outubro, em condições muito suspeitas, dedicou boa parte da sua vida as idéias, práticas e lutas libertárias, em São Paulo, sua cidade de origem, como em Roraima, onde passou seus últimos dias de vida. Sempre fez da educação um instrumento para construir pessoas livres e felizes. Em Roraima mobilizou os professores do estado para lutar contra as más condições da educação, o autoritarismo implantado pelo Estado nas escolas e a política pelega e domesticadora do Sindicato dos Professores. Ele foi um dos criadores e animadores do Movimento de Organização dos Trabalhadores em Educação (MOTE): http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/
O convite se estende também aos familiares, amigos, amigas, companheiros e companheiras, que pela distância não poderão estar presentes, mas que, como achar oportuno, podem se manifestar enviando mensagens e dedicatórias que serão lidas no ato. Escritos para Adriana Gomes: pink.gms@hotmail.com
A seguir um dos últimos poemas feito pelo companheiro Chrystian Paiva:
Nem todos foram embora
Nem todos os amigos estão mortos
Mas quase todos se foram sem importar-se
Com sonhos e outras bobagens
Deram um jeito em suas culpas
Empregos, filhos, namoradas
E condescendência pura
A negação do último reduto de fé
A poesia e seus demônios
Então que vão aos infernos!
E procurem suas mortes simples
Suas respostas simples
Como estímulo:
A morte é certa!
Chrystian Paiva – 2009
Depoimento do pai de Chrystian Paiva:
Meu filho querido, meu garoto que na sua infância era grudado em mim. Em Roraima, me ligava quase todo dia, deixou dois filhos lindos, que os adorava e vivia por eles, agora de repente dizem que ele se suicidou, que loucura, como ele faria isso. Com tantos sonhos a serem realizados, ele ansiava as férias para vir para minha casa, e ficar também com sua caçulinha, contava os dias, como se matar, jamais, jamais... Ele nunca foi covarde, nunca desistiu de seus ideais, somente a bala de um louco poderia um dia pará-lo, não é possível que um País como o Brasil, ainda isso é possível, a impunidade.Fonte: agência de notícias anarquistas-ana
Meu filho nem depois da morte brutal, com marcas de violência, teve seu direito preservado, foi retirado do local, sem a devida perícia, e condenado pela sua morte, "Suicida".
Até quando a imprensa, a justiça, se calará, por favor, me ajudem a achar quem tenha peito para esclarecer e punir todos os envolvidos. Deve existir alguém, por favor, me ajudem...
Aprendi muito sobre o Amor, tolerância, compreensão, o perdão, a caridade, a não odiarmos nossos semelhantes, nossos irmãos, tudo isso aprendi com os ensinamentos de Nosso Mestre e irmão "Jesus", agora busco dentro de minha alma, força para exercer esses ensinamentos, mas meus irmãos é duro..
Muito difícil saber que aquele menino que criastes com todo amor, educação, carinho, aquele menino que sonhava em mudar as pessoas, as pessoas que iludem as pessoas, que lucram com a pobreza e ignorância de todos, aí ele vai pra Roraima, pois em São Paulo sua profissão (Professor) é considerada pelos políticos como desnecessária, pois cultura e conhecimento atrapalham nossos governantes.
Então lá em Roraima "parecia" que era o paraíso para os "professores", pois recebem o salário quase digno, ele foi, pois poderia agora dar uma vida melhor para seus filhos, digna, coisa que aqui é impossível. Aí descobriu que foi parar num País que tem Donos, pois ele passou e bem, no concurso, mas não imaginavam os "donos" que ele enfrentaria os "donos" e não pediria a sua exoneração, fizeram de tudo pra desistir e voltar pra São Paulo, ele insistiu e ficou...
Mas não podia trabalhar, ficou doente pela pressão que sofria e teve que se afastar, afastar de seu sonho de lecionar, ensinar, pois ele adorava, lutou por isso, se formou na Universidade de São Paulo (USP), com todo seu esforço, pra acabar assim, brutamente. E dizem que ele se suicidou...
Busco então força, pra não contrariar tudo que o Mestre me ensinou, mas tá duro, muito duro, desculpem não dá mais...
Um pai desesperado...
Wanderley Paiva
Uma perda irreparável e não nos calaremos enquando a justiça não for feita!
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