quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Plebe (poema)

Gomes Leal

Abri! Eu clamo-me a Anarchia!


E sou o Turbilhão colérico e profundo,
que vem varrer a terra, o rato nunca visto.
Venho cheio de pó, cansado, todo immundo.
Em toda parte o mal! Em toda parte o Christo!
Sou quem trago a sentença escripta contra o mundo,
e que açouto o cavallo em sangue do Anti-Christo!

Sou quem trago commigo os rotos esquadrões
da plebe esguedelhada, anonyma, assassina.
Sou quem hei de varrer reis e religiões,
a indignação de baixo, a colera ferina
Já chegou a Justiça o sangue das Nações!
- A pé, a pé, a pé! A cotovia trina!

Papas, bispos, e reis, peitos de diamante!
Como não chorareis ouvindo o grande abalo?
Allemanha, arremessa ao Rheno o teu guante
Tu, Igreja, renega antes que cante o gallo
- Justiça, mostra já teu dedo flamenjante!
- Vingança, vai sellar o teu feroz cavallo!

Fonte: A Plebe - Anno I - num 4 - 30 de Junho de 1917
Digitalizado pela FOSP seção Campinas do Arquivo Bem Estar e Liberdade

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