sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Se eu pudesse sentir a liberdade

Por entre as portas e janelas entreabertas da cidade
no minguante e inesgotável lusco-fusco,
são os vaga-lumes de fogo a incandescer as casas,
são apitos de trem a apressar as horas dos dias,
são as fumegantes chaminés da paisagem cinza,
tudo enfim, o que se oferece e está à venda
no comércio, na rua, no cais do porto e nas pensões:
as coisas e o trabalho, os corpos e as almas.
São fagulhas do poder de tudo conseguir,
essa beleza que ninguém pode sustentar,
que é o claustro das esposas e o grito de medo
dos pequenos, a dor inconfessável dos varões
E essa falta de tanto e de tudo que não se pode ver
onde está? Onde encontram a saída?

(Libertário)

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