À sombra da imagem pairam
Algumas aves migratórias.
Elas seguem o caminho de volta
E já não posso dizer qual é o
Trajeto que as levam;
O retorno.
É um breve momento.
Não há em toda materialidade um lugar
Que volte a ser de fato,
O que tivesse sido ontem.
A casa já não pode ser
Um lugar apenas.
O lugar pra onde todos voltam
(um dia)
É uma ausência de matéria.
É expectativa.
É querer.
Ainda ser: medo de chegar.
Medo de ver o que sobrou do vendaval de dias.
O tempo atropela os corações na rodovia
E quando correm sob as migrações
Reúnem-se no turbilhão da vida.
Os pedestres da existência desafiam o fluxo
E querem alçar vôo como le petit prince,
Desafiam a pressa do abismo
Para se encontrar no infinito sentimento:
A raposa mora eternamente livre
No universo de desejos,
De retornos e chegadas.
Leve neblina, envolvente e fria
Revela a inquietude humana
Diante do silêncio brando,
Impermeável à razão do corpo.
Leva,
Encontra abrigo no horizonte.
Dá sentido às palavras que encontrar,
Inscreve nas paredes algum significado
Que faça tudo retornar
Para mais adiante.
Adiante.
Adia.
(Libertário)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário